segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Histórias que o inconsciente nos conta

Você já acordou muito perturbado por causa de um sonho que lhe tirou o sono o resto da noite? Ou, ao contrário, despertou com a sensação de flutuar, só porque as imagens deixadas pelo sonho levaram você muito perto do Paraíso? Certeza que sensações assim estão registradas na sua memória, porque todo mundo já foi assombrado alguma vez por um sonho inquietante, ou já ficou “perseguindo” ao longo do dia aquela historinha (tão boa!) que o sonho contou.
Porque é mais ou menos assim que o sonho acontece: uma história que o inconsciente nos conta, bem lá do jeito dele. E é tão do jeito dele que, ao acordar, tem-se a impressão que vivemos uma piração, uma viagem, que normalmente provoca um comentário típico: “nossa, tive um sonho tão esquisito!”
E eles são mesmo esquisitos. Para entender por que a linguagem onírica é tão única e, em princípio, indecifrável, é preciso saber que os sonhos brotam do inconsciente mais profundo, um território distante da consciência do ego, que só enxerga o aqui e agora e para quem pão é pão e queijo é queijo.
Quando o inconsciente está escrevendo suas cartinhas para nós (como diz Marie Louise von Franz, psicoterapeuta e discípula de Carl Jung), o pão pode ser muito mais (um símbolo de nutrição, o que sacia todas as fomes, o que me leva a confraternizar e a agregar), e o queijo... ah, o queijo! Outro tanto mais. E tudo tem que ser percebido no contexto do sonhador: o pão já estava pronto? Alguém amassava o pão? Ou você comia o pão? Quanta coisa se pode questionar a partir de um pão!
Por isso os sonhos nos confundem, Eles encerram uma mensagem que diz respeito ao sonhador, que só fará sentido para ele, e assim mesmo se ele conseguir se livrar das “traduções” imediatas e confortáveis do ego e dedicar-se a desvendar o quebra-cabeças para o qual está sendo convidado. Nada de “sonhei com pão então vou receber uma herança”, desviando por uma rota pobre e muito aquém dos tesouros que o inconsciente guarda.
Na madrugada seguinte a ter iniciado esse texto, tive um sonho que ilustra bem quão simbólica é a mensagem do inconsciente. E faço questão de contar aqui porque ele veio para me ajudar a concluir esse “parto” de palavras e idéias.

Estou em uma rua de Londres (onde moram meu filho e minha nora), com meu filho e mais algumas pessoas. Sabemos que Dani vai dar à luz e estamos esperando. Não sei onde ela está, exatamente, mas sei que está por perto. Olho pela vitrina de um bar e há uma mulher cantando. Não ouço a música, mas sei que ela está cantando. Penso: “se fosse eu a cantar, certamente faria mais sucesso, porque cantaria música brasileira”. Nisso, ouvimos um chamado ou um gemido de Dani e sei que é a hora. Entro em uma casa, e estou em uma escada, porque sei que ela está no andar de cima. A passagem é muito estreita para eu chegar em cima, mas consigo me espremer e chegar lá. Dani está meio de cócoras, meio curvada. Ela usa um vestido longo, com estampa floral delicada, muito jovem. Eu me coloco por trás dela, recosto seu corpo no meu e vou fazendo com que relaxe, com que respire melhor. Eu passo a mão sobre a sua barriga redondinha e vou conversando com o bebê: “pode vir, não tenha medo... está tudo bem... seu papai espera por você”. E por sob o vestido dela vejo uma mistura de bracinhos e perninhas despontando. Acordo, ofegante de emoção, às 3 da manhã!

Um parto! Finalmente, de dentro de mim, algo podia “nascer”!
Mas para você entender porque tem a ver comigo e com o meu momento um sonho que traz uma rua de Londres, uma cantora que eu podia superar na sua arte, uma nora grávida e um parto, finalmente... espere até a próxima quinta-feira. Convido você a passear comigo pelo mundo dos sonhos, mensageiros que acompanham a história do homem desde que um dia ele abriu os olhos neste mundo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns Verinha pelo seu blog, já estou divulgando.

Bj e boa sorte!

Drizinha

rose disse...

querida amiga!
de repente as palavras se apequenam frente à beleza que você agora nos disponibiliza. Termos um lugar que pode acalmar, fazer entender, nossas angustias vindas dessa linda linguagem cifrada de nosso inconscientes, conduzidos por voce, grande mestra, é a luz que passa a iluminar nosso caminhos. Eu agradeço do fundo do meu coração.
Agora aguardo ansiosa o espaço em que poderemos trocar conhecimentos, expor nossas angustias e poder contar com voce (nós que estamos longe)
Beijos, Roseana