domingo, 24 de julho de 2011

Levei o dia, hoje, reunindo material sobre sonhos. Os posts desse blog e os inúmeros e-mails que recebo de pessoas que não conheço, mas invariavelmente inquietas com os sonhos que têm. Encontrei então, no meio dessas preciosidades, um e-mail que mandei para o meu grupo de sonhos, no fim do ano, agradecida pela oportunidade de nos revelarmos umas às outras. E reproduzo aqui esse momento de gratidão.

Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.

Hermann Hesse

Adoráveis sonhadoras, mulheres queridas do meu cenário.
A primeira vez que li esse pensamento do Hesse foi em um consultório de acupuntura, em Brasília, e desde então ele me causa impacto, porque resume em poucas palavras a jornada da alma que temos nos proposto fazer.
Num primeiro momento, há uma certa sensação de desamparo ao deparar com essa verdade de que ninguém nos pode dar o que já não existe em nós. É da nossa natureza esperar, sempre, que o outro nos dê, que o outro nos preencha, que o outro nos entenda, que o outro nos gratifique.
Temos a ilusão de que as imagens da nossa vida perderam a cor porque o outro tirou de nossas mãos os pincéis e chutou para longe nossa paleta de cores. É da nossa carência (ou do nosso egoísmo) nos colocarmos na parede como uma moldura a ser preenchida pelo artista que enxergamos no outro. E nessa espera equivocada, deixamos de criar nossas telas mais originais, aquelas que se renovam nos desenhos que a alma cria.
Então, quando me encontrei com esse pensamento do Hesse, pensei nas pessoas significativas que passaram pela minha vida e busquei nelas não um fim em si mesmas, não um produto acabado, definitivo, e sim aquele impulso, aquela chave de que fala o pensador. E vocês chegaram no meu mundo para confirmar que é assim. Temos sido, ao longo dos nossos encontros, essa oportunidade umas para as outras. Já entendemos que a jornada até a alma só pode ser empreendida por nós mesmas, em viagens de beleza e contemplação, ou em mergulhos tenebrosos e convulsionados.
Temos nos descoberto assim, temos nos empurrado umas às outras e temos voltado dos nossos centros mais sábias, mais bonitas, mais corajosas, mais grandes, se me permitem o erro de linguagem. Temos, sim, nos ajudado a tornar mais visível nosso próprio mundo e sou muito grata por permitirem que façamos juntas essa descoberta.
E isso é tudo.

Um comentário:

Drizinha disse...

Simplesmente Lindo Verinha!!! Bjs